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Inflação e orçamento público: o desafio das empresas que vendem ao governo

Inflação e orçamento público: o desafio das empresas que vendem ao governo

Publicado por Ótmow
21/11/2025


A inflação é um dos fenômenos econômicos que mais afetam a capacidade de planejamento de empresas no Brasil. Quando somada às restrições orçamentárias do setor público, seu impacto se intensifica, especialmente para companhias que dependem de contratos e pagamentos de órgãos governamentais.

Nos últimos anos, muitas empresas passaram a lidar com orçamentos contratuais desajustados, custos crescentes e pagamentos que nem sempre acompanham a realidade econômica. Neste artigo, analisamos como a inflação pressiona os fornecedores do governo e quais medidas podem ser adotadas para manter o equilíbrio financeiro em um cenário de instabilidade.

O que é inflação e por que ela afeta o setor público?

A inflação representa o aumento generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços em um país. Quando ela sobe, impacta diretamente o custo de insumos, energia, mão de obra, logística e produtos usados por empresas, inclusive aquelas que vendem para o governo.

No setor público, a inflação cria um descompasso recorrente entre orçamentos aprovados e necessidades reais de pagamento. Isso ocorre porque:

  • A Lei Orçamentária Anual (LOA) é planejada no ano anterior, com base em projeções que podem ficar defasadas.
  • Os contratos públicos geralmente têm valores fixos, sem correção automática pela inflação.
  • O aumento nos custos nem sempre é repassado ao fornecedor ou ajustado dentro do prazo contratual.

Em muitos casos, quando a inflação acelera, os recursos previstos nas licitações deixam de cobrir os custos reais de execução. Isso força o fornecedor a arcar com prejuízos ou a buscar soluções financeiras emergenciais.

Como a inflação pressiona fornecedores públicos

Empresas que atuam com contratos públicos enfrentam dois grandes desafios em períodos de inflação alta:

  1. Perda de Margem Operacional

A inflação corrói o valor original do contrato, reduzindo a margem de lucro e podendo, em casos extremos, transformar operações lucrativas em deficitárias.

Por exemplo: fornecedores que vendem itens hospitalares, produtos alimentícios ou equipamentos de tecnologia podem enfrentar aumentos expressivos nos insumos, que não estavam previstos quando o preço foi registrado na licitação.

  1. Atrasos e Contingenciamentos

Com a piora da arrecadação ou mudanças no cenário macroeconômico, governos podem adiar repasses, atrasar pagamentos ou reprogramar despesas já empenhadas, mesmo em contratos em execução.

Para empresas que dependem de fluxo de caixa regular, essa combinação de inflação + atraso gera impacto direto na operação: salários, impostos, fornecedores e custos financeiros continuam sendo pagos, enquanto o recebimento do governo demora a cair.

O orçamento público e seus limites

O orçamento público no Brasil segue um ciclo rígido: é aprovado no Congresso com base em metas fiscais, projeções de arrecadação e regras como o Novo Arcabouço Fiscal (2023). Mesmo que aumentem as despesas, o governo não pode gastar além do previsto sem aprovar créditos suplementares ou reestruturar o orçamento.

Quando a inflação ultrapassa as previsões, ou a arrecadação cai, como já ocorreu em períodos de crise, surgem bloqueios e contingenciamentos que afetam diretamente os pagamentos de fornecedores, mesmo com contratos vigentes e serviços já prestados.

Esse modelo cria um ambiente de incerteza, especialmente para micro e pequenas empresas que não têm reservas financeiras para suportar meses de atraso.

O que as empresas podem fazer para se proteger

Apesar dos desafios, existem estratégias que ajudam empresas que vendem ao governo a manter a saúde financeira em meio à inflação e imprevisibilidade orçamentária:

  • Planejamento financeiro com cenários de risco

Elaborar projeções considerando possíveis atrasos de pagamento e aumento de custos permite tomar decisões com antecedência (ex.: negociar prazos com fornecedores ou reequilibrar estoques).

  • Utilização de instrumentos legais de reequilíbrio econômico-financeiro

A Lei nº 14.133/2021 prevê revisão contratual em situações de desequilíbrio decorrentes de força maior, pandemia, variação cambial ou inflação anormal. Esse mecanismo deve ser acionado com cautela, e exige comprovação documental.

  • Antecipação de Recebíveis Públicos

A antecipação de notas fiscais já emitidas e aceitas pelo órgão se torna uma das principais alternativas para garantir liquidez enquanto o pagamento oficial não ocorre. Diferentemente dos empréstimos tradicionais, essa operação usa a própria nota como garantia, reduzindo o risco e acelerando o acesso ao capital.

Conclusão

A inflação e a rigidez do orçamento público criam um cenário desafiador para empresas que atuam com vendas para o governo. Com processos orçamentários lentos, contratos fixos e incertezas macroeconômicas, a solução passa por gestão financeira estratégica, conhecimento das ferramentas legais e uso de instrumentos de crédito especializados.

Em um mercado em que as oportunidades são constantes, mas os prazos e custos podem comprometer o resultado, antecipar recebíveis e planejar com base no comportamento do setor público são diferenciais competitivos para seguir crescendo com solidez e segurança.

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